“Super Sincero” vira grandiloquente e perde a graça


A nova fase do “Super Sincero”, quadro do “Fantástico” estrelado por Luiz Fernando Guimarães, é quase uma aula de como não fazer comédia na televisão. Quem acompanha o programinha desde a estreia, em 2007, se decepcionou com o que viu anteontem. O problema não é o texto de Fernanda Young e Alexandre Machado, que continua divertido. Nem o desempenho de Luiz Fernando, muito bem como o incontinente verbal Salgadinho. Afinal, incorporar o tique de um personagem e com isso conseguir que o público se identifique com ele (quem não conhece um super sincero?) é algo que o ator já sabia fazer bem nos anos 70, no teatro, quando ainda era do Asdrúbal.
O problema está na direção, agora a cargo de Luciano Moura da O2 (antes o responsável era José Alvarenga). É que a fonte do humor de “Super Sincero” brota do texto, e é ali que as atenções precisariam ficar concentradas. Qualquer elemento a mais funciona como distração, atravanca a cena e impede a graça de fluir. Isso aconteceu, por exemplo, com a escolha de uma manifestação na rua para ambientar o programa anteontem. O tom naturalista também foi um equívoco básico e comprometeu muito o resultado.
Salgadinho prescinde de amplidão. Ele fica muito melhor no confinamento de um elevador ou num cenário reduzido para que suas falas, elas sim, se amplifiquem e tenham dominância.
Como seu título indica, esse quadro não é sobre um personagem: trata-se de iluminar apenas seu aspecto mais burlesco. Mas ao apostar em excessos alheios ao texto, a direção esvaziou a graça de Salgadinho. Uma pena.

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