Rússia vai fornecer mísseis S-300 ao Irã, diz agência

MOSCOU - A Rússia pretende cumprir um contrato para o fornecimento de mísseis de defesa antiaérea S-300 ao Irã, disse o vice-chanceler Sergei Ryabkov à agência de notícias Interfax.
 Israel e Estados Unidos pedem repetidamente à Rússia que cancele a venda dos S-300, que são montados sobre caminhões e podem abater mísseis ou aviões a até 150 quilômetros de distância.
"Há um contrato para fornecer esses sistemas ao Irã e vamos cumpri-lo", disse Ryabkov à Interfax. "Adiamentos são ligados a problemas técnicos com o ajuste desses sistemas."

Ele alertou também para que as exportações militares da Rússia ao Irã não sejam politizadas. "É absolutamente incorreto colocar ênfase na questão dos S-300 (...) e transformar isso em um grande problema, sem falar em vincular isso à discussão sobre restaurar a confiança no caráter puramente pacífico do programa nuclear do Irã."

A possível venda dos S-300, que poderiam proteger instalações nucleares iranianas contra bombardeios aéreos, é uma questão extremamente delicada nas relações da Rússia com Israel.

Em sua visita dessa semana a Moscou, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pressionou o Kremlin a apoiar sanções mais duras contra a República Islâmica.
Relatório da AIEA
A declaração da Rússia ocorre um dia depois de um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) ter indicado que atividades atuais no Irã poderiam indicar que o país está desenvolvendo uma ogiva nuclear para um míssil. A acusação foi rejeitada nesta sexta-feira pelo líder supremo iraniano, Ali Khamenei.
O documento também confirma que o Irã produziu seu primeiro lote, porém pequeno, de urânio enriquecido a 20%. Até então, o país enriquecia urânio apenas até 3,5%. "O Irã forneceu à AIEA resultados que indicam que obteve um nível de enriquecimento de 19,8%", diz o documento. Esse processo começou à revelia, sem que fosse aguardada a presença dos inspetores da AIEA, diz o texto.

Ahmadinejad discursa no dia 11 de fevereiro em Teerã / Reuters
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, anunciou em 7 de fevereiro que o país iniciaria o enriquecimento de urânio a 20%. Em discurso no dia 11, quando se completaram 31 anos da Revolução Islâmica, Ahmadinejad afirmou que o Irã se tornou uma "nação nuclear" e tem capacidade de enriquecer urânio a 80%. 
O enriquecimento a 20% é necessário para fazer funcionar um reator nuclear de Teerã desenhado para produzir isótopos para fins medicinais. Para construir uma bomba atômica, é necessário ter urânio enriquecido a pelo menos 90%.
Tanto a informação sobre a carga nuclear quanto sobre o êxito do país em enriquecer urânio a 20% provavelmente aumentarão os temores da comunidade internacional de que o programa atômico do país tem objetivos militares, apesar de Teerã insistir no seu caráter pacífico para geração de eletricidade e fins científicos.
*Com informações da AFP

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