Que País é esse?: BLITZ POLICIAL E DIREITOS HUMANOS

 
Outro dia presenciei mais uma cena daquelas que nos deixam estagnados. Alguns policiais cercaram cinco jovens, sendo um deles uma criança, e fazem a blits. A cena parece de teatro, onde quem está de fora quer parar para assistir, e quem está dentro quer que a cena acabe o mais rápido possível. Deixam os jovens de costas, com a bunda bem arrebitada para trás e os policiais começam a passar a mão em todo o corpo. Outros policiais ficam com armas apontando para os jovens. A cena vai me angústiando. Não sei se são bandidos, se são traficantes, se são inocentes. Mas a idéia que fica, a imagem que fica, é de que aqueles jovens são alguma coisa, menos pessoas. Os policiais não encontram nada, e liberam normalmente os cinco jovens. Eles saem desajeitados, com um olhar de sofrimento, imagino que deveriam estar pensando em que estávamos pensando deles.
Cenas como esta tenho visto sempre pelas ruas das cidades. Fico imaginando se um dia eu for vítima de uma blits desta! Quem estiver assistindo vai pensar que sou um bandido mesmo.
A polícia está certa quando faz desta forma?
Dentro de uma perspectiva de direitos humanos, não!
Não sei se dentro de uma técnica de investigação.
Só sei que a tortura do regime militar, ainda perdura nas ruas de nossas cidades. Este tipo de abordagem a um cidadão, sem que se tenha prova de nada, é no mínimo uma tortura. Mas uma tortura sem contexto.
Até hoje não vi nehuma pessoa de terno andando pelas ruas, sendo revistada da forma que vi estes cinco jovens de hoje. Dos cinco, quatro eram negros e um louro.
Até quando vamos assistir tudo passivamente, como meros espectadores?
Gerson Aberca (Psicólogo)

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