O que há por trás da música de Beyoncé?

Guss de Lucca, iG São Paulo
À primeira vista, a cantora Beyoncé pode parecer apenas mais um belo rosto meticulosamente esculpido pela indústria da música pop, com o objetivo primordial de vender discos e fazer dinheiro.
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Discordar da segunda parte da afirmação acima é muita ingenuidade, mas resumir a voz de "Single Ladies (Put a Ring On It)" a um fantoche da indústria fonográfica é sem dúvida um enorme equívoco.
Aos 28 anos de idade, Beyoncé Giselle Knowles acumulou muitas conquistas, sendo a mais recente na 52ª cerimônia do Grammy, de onde saiu com nada menos que seis estatuetas, entre elas Música do Ano, por "Single Ladies (Put a Ring On It)", e Melhor Performance Pop Feminina, por "Halo" - recorde para uma mulher em apenas uma edição do prêmio.

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Beyoncé durante sua apresentação no Grammy 2010
Em sua trajetória os obstáculos não foram muitos, mas as apostas sempre estiveram altas. A começar pela opção de seu pai, Matthew Knowles, de largar um emprego seguro na Xerox e se aventurar na carreira de empresário e produtor do grupo feminino de R&B da filha, o Girl's Tyme.
O que poderia ser apenas um passatempo para alguns, tornou-se questão de honra para Matthew. Ele já havia investido na carreira da filha antes, permitindo que Beyoncé cursasse o segundo grau em escolas voltadas para a formação musical, além de incentivar seu envolvimento no coral da igreja.
Agora, com um conjunto formado por seis jovens cantoras, ele apostou alto e gastou metade de seu patrimônio investindo em ensaios, coreografias e figurinos - desenhados pela mãe de Beyoncé, Tina Knowles.

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Beyoncé a frente do grupo feminino Destiny's Child
Em pouco tempo Matthew encolheu o Girl's Tyme para quatro integrantes e mudou sue nome para Destiny's Child. Com o novo nome o grupo assinou um contrato com a Columbia Records e em 1997 lançou o single "Killing Time", parte da trilha sonora do filme "Homens de Preto".
Em dois anos o conjunto lançou o álbum The Writing's on the Wall, segundo da carreira e aquele que seria seu passaporte para o estrelato. Porém, disputas internas entre as cantoras - provocadas em parte pelo empresário e pai de Beyoncé - provocaram uma verdadeira "dança das cadeiras" no Destiny's Child, que terminou como um trio.
Não só Matthew, mas a mídia em geral colocava Beyoncé à frente do grupo - e isso, somado à vontade da cantora em trabalhar sem a pressão das demais integrantes, resultou no contrato de três álbuns com a mesma Columbia Records.

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Beyoncé em família: com o pai, Matthew Knowles, e a mãe, Tina Knowles
Antes disso a jovem artista resolveu se arriscar nas artes cênicas, participando de "Carmen: A Hip Hopera", uma versão pop da ópera "Carmen" produzida pela MTV, e da comédia "Austin Powers em O Homem do Membro de Ouro".
Em 2003, chegava às lojas o disco Dangerously in Love, primeiro solo da cantora e responsável pelos sucessos "Baby Boy", gravado ao lado do cantor Sean Paul, e "Crazy in Love", com o então namorado Jay-Z. O trabalho rendeu a Beyoncé quatro estatuetas no Grammy do ano seguinte.
O sucesso em questão não contou apenas com Beyoncé nos vocais. A cantora é co-autora de 13 das 15 canções de Dangerously in Love, além de ter escolhido a dedo os 12 produtores com quem quis trabalhar - sem contar seu pai, que com ela assina a produção executiva do álbum.
O sucesso de sua empreitada solo acabou sepultando o Destiny's Child, que fez uma turnê de despedida no mesmo período em que Beyoncé foi chamada para estrelar o longa-metragem "Dreamgirls", onde interpretou uma cantora inspirada em Diana Ross.

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Beyoncé com o elenco do filme "Dreamgirls" em Cannes
O estilo de música abordado no filme serviu de inspiração para B'Day, segundo álbum da cantora. Mais uma vez Beyoncé montou um time de produtores e compositores, trabalhando em estúdios diferentes ao mesmo tempo.
"Ela tinha diversos produtores nos estúdios da Sony e agendou todos os horários disponíveis. Enquanto ela iniciava um trabalho em uma sala, ela partia para outra e começava outro trabalho com outro produtor. Era definitivamente um processo semelhante ao de uma fábrica", revelou a compositora Makeba Riddick.
Esse método de trabalho frenético foi inspirado no seu namorado, Jay-Z, que gosta de montar um álbum com produtores colaborando simultaneamente. Aliás, Jay-Z é um dos trunfos de Beyoncé. O rapper, que já presidiu a Def Jam Recordings e se consagrou como empresário e produtor, é um dos principais parceiros musicais da cantora.

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A cantora ao lado do rapper Jay-Z em um jogo de basquete
Ao contrário de outros casais famosos, eles decidiram firmar um pacto e nunca um falar sobre o outro na mídia. "Quando você é uma pessoa pública, precisa guardar algumas coisas para você, ou as pessoas vão comê-lo vivo", afirmou o rapper ao ser entrevistado pela apresentadora Oprah Winfrey.
O sucesso continuou sorrindo para Beyoncé com o lançamento de seu terceiro trabalho, I Am… Sasha Fierce, lançado em 2008. O álbum rendeu um dos vídeos mais falados e parodiados da história dos clipes, "Single Ladies (Put a Ring On It)" - até o presidente Barack Obama admitiu já ter imitado os passos da cantora.
Com o mundo em suas mãos aos 28 anos, Beyoncé revelou seu cansaço e disse que estava planejando férias de seis meses, deixando para mais tarde a gravação de seu aguardado quarto álbum.
Não sem antes passar pelo Brasil, onde realiza cinco apresentações a partir desta semana: quinta-feira (04) em Florianópolis, sábado (06) em São Paulo, domingo e segunda (07 e 08) no Rio de Janeiro e, na semana que vem (10/02), em Salvador.

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