Oeste precisa de investimentos em logística para reduzir isolamento

 A distância que separa o oeste do restante da Bahia é bem maior que os 852 km entre a capital baiana e Barreiras, cidade polo da região. Na margem esquerda do Rio São Francisco, há um sentimento de afastamento em relação ao restante da Bahia, e a separação, com a criação de um novo Estado, é um assunto discutido de forma aberta.

Este ano, a expectativa na maior região agrícola da Bahia é que a safra de milho chegue ao 1,1 milhão de toneladas, enquanto a soja deve alcançar, pela primeira vez na história, os 3,2 milhões de toneladas.
De acordo com os produtores, o escoamento desta produção é penoso desde a saída das fazendas, por rodovias vicinais em más condições.
Na expectativa de encurtar distâncias, o projeto da Ferrovia Oeste-Leste é visto na região com interesse. Mas a lista de pedidos é vasta e passa também pela ampliação do aeroporto de Barreiras, cuja pista não tem capacidade para receber aeronaves de grande porte, e a construção de um anel rodoviário para retirar o intenso fluxo de carretas que hoje passam por dentro da cidade. Sem contar com intervenções na área do saneamento básico.

Uma conquista dos últimos anos foi a construção do Hospital do Oeste, que diminuiu significativamente os casos em que as ambulâncias precisavam quase voar pela BR-242 rumo a Brasília ou Salvador para tentar evitar a morte de alguém. A dona de casa Lineuza Moreira dos Santos, 23 anos, diz já ter perdido a conta de quantas pessoas conhecidas teriam morrido na estrada. “Fora esse hospital, aqui não tem nada do Estado”, diz. Segundo ela, “a distância” pode ajudar a explicar por que existe o desejo de separação da Bahia. “A capital é muito afastada”, acredita Lineuza.

Em 1991, quando a comerciante Joelma Ribeiro, 28 anos ,chegou de Xique-Xique, o que seria o bairro da Santa Luzia era apenas uma grande fazenda na entrada de Barreiras.

“As pessoas foram chegando, construindo a vida”, lembra a movimentação que pode ser comparada ao que aconteceu com o oeste nas últimas décadas. Hoje o bairro é o mais populoso da cidade de 130 mil habitantes.
“O nosso maior problema aqui é relacionado à infraestrutura. Não tem rede de esgoto”, diz.

Com 30 mil habitantes, Santa Luzia tem mais moradores que 331 cidades baianas, mas não tem nenhuma escola estadual. A única municipal, que atende as crianças até a quarta série, funciona em três turnos para dar conta da demanda – com uma turma das 7h às 11h, outra das 11h às 14h e uma terceira das 14h às 18h. “Nós temos tantos problemas que eu nem sei por onde começar”, avisa no início da conversa o agricultor Ranulpho São José, 66 anos.

A falta de saneamento está longe de ser um problema apenas no bairro da Santa Luzia.

O esgoto é visto a céu aberto em praticamente toda a cidade. “O que mais tem por aqui é muriçoca. Asfalto e saneamento, que é bom, nada”, reclama Ranulpho. Neste cenário, ele questiona: “Se a Bahia nos esqueceu, porque não emancipar?”

fuxicooeste.com / Informações do Jornal Atarde

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