lilia-cabral21Ninguém contesta: novela é obra aberta onde a opinião do telespectador e o desempenho dos atores determinam os desdobramentos da história desenhada na sinopse. O destino e o caminho de cada personagem que aparecerá na tela durante 8 meses pode ser escrito por muitas pessoas. Os autores de grandes sucessos já estão acostumados com essa flexibilidade e sabem lidar muito bem com a reação do público, promovendo pequenos ajustes em seus trabalhos. Mas, nos últimos anos, a variável da obra aberta tem extrapolado muitos limites, colocando toda uma equipe refém da reação dos números, nem sempre o reflexo exato da opinião do telespectador.
“Viver a Vida” é um grande exemplo para uma obra aberta. Helena era a protagonista, mas perdeu força diante do drama de Luciana. Agora, a telespectadora mais velha se identifica com Tereza, que começou com muitas mágoas do ex-marido e como a força oposta da personagem de Taís Araújo. Tereza se transformou com o acidente de Luciana e qual mulher não muda diante da dor do filho? Forças para superar o problema, uma nova paixão para uma nova vida. Quem não sonha com uma vida feliz, um novo amor? Manoel Carlos foi transformando a novela a partir do desempenho de cada ator e da reação de seu público. Será que a novela terminará como o que estava previsto na sinopse? Só o autor poderá responder.
Glória Perez viveu uma situação muito parecida em “Caminho das Índias” com a falta de envolvimento do telespectador com Bahuan, personagem de Márcio Garcia. O indiano seguiu, com certeza, rumos diferentes dos previstos inicialmente. Sinceramente, não sei até que ponto uma novela precisa ser tão obra aberta. Às vezes é preciso bater o pé, acreditar em sua história e insistir com sua criação… E ao público resta ter um pouco de paciência com o que parece ser diferente porque as mudanças só aparecem com a ousadia.
Por: José Armando Vannucci