O PROJAC do B – Conheça a central de produções da Tv Record, a aposta da emissora evangélica para ameaçar o poderio da rival

Do equipamento ao figurino, dos atores
aos técnicos, tudo ali faz lembrar
a Globo.
Gravações da novela Ribeirão do Tempo.
O RecNov em três momentos: aspirantes ao estrelato (foto menor, à esq.)participam da primeira oficina de atores da casa; o acervo de figurinos (foto menor, ao lado.) já reúne 10 mil peças.
Núcleo de dramaturgia bem aparelhado, aposta numa grade fixa de folhetins, estúdios de grandes proporções concentrados em uma região… qualquer semelhança aqui não é mera coincidência. Na batalha para cooptar o telespectador, a Record tem usado as mesmas armas da todo-poderosa Globo, líder absoluta de audiência no Brasil. Trata-se de uma briga aberta, declarada, em que a ideia é seguir todos os passos e a estratégia de programação da concorrente. Dois exemplos deixam tal linha de ação muito clara. A emissora da Igreja Universal instalou seu complexo de estúdios a 10 quilômetros da rival – ambas as centrais ficam na Estrada dos Bandeirantes – e é na casa do inimigo (onde mais poderia ser?) que vai buscar mão de obra qualificada.
Hoje, oito de cada dez funcionários do RecNov passaram pela emissora do Jardim Botânico. Seus principais artistas, técnicos, diretores e autores de novela fizeram esse caminho. Na maioria esmagadora das vezes, seduzidos por salários muito acima do mercado e pela possibilidade de ganhar um status inédito no novo emprego. Lavínia Vlasak, Bárbara Borges e Marcelo Serrado são exemplos de artistas do segundo escalão global que viraram protagonistas ao trocar de patrão. “Eu me senti valorizada”, afirma Bárbara, há menos de um ano na casa. Um dos primeiros a apostar na mudança, Marcelo Serrado se adaptou facilmente. “Quando cheguei já conhecia todo mundo”, diz. Os valores dos contratos são guardados a sete chaves, mas sabe-se que, em algumas ocasiões, os salários chegam a ser cinco vezes mais altos do que aqueles que a Globo pagaria ao mesmo profissional. Um segundo fator de sedução são os contratos longos. Em geral, de no mínimo três anos, uma eternidade em se tratando de televisão. “Não podemos investir milhões e deixar os talentos soltos”, justifica Carlos Geraldo, presidente da Record Rio.
Discutível ou não, a tática de clonar o perfil da programação global vem surtindo efeito. Nos últimos três anos, a audiência média saltou de 4 para quase 9 pontos, alçando a Record à vice-liderança geral. Muito embora a emissora ainda coma poeira na corrida rumo ao topo, e tudo indica que continuará comendo por bastante tempo, trata-se de um feito e tanto. No horário nobre, justamente o das novelas, das 18 horas às 22h59, a diferença entre as duas primeiras colocadas é de quase 20 pontos. Há dez anos, porém, essa distância chegava a 35. Uma medida palpável da melhora no desempenho é o aumento da receita publicitária. Em apenas dois anos, o faturamento da filial carioca pulou de 28 milhões de reais para 150 milhões de reais. Em 2008, o Rio representava 3% dos ganhos do grupo ante os 16% atuais. Por essa razão, cada pontinho ou tostão a mais não só é motivo para festejar como também é um estímulo para novos investimentos. Nos próximos dois anos, o RecNov vai ganhar uma central de pós-produção, um galpão de 8 000 metros quadrados para guardar cenários e figurinos, uma academia de ginástica, um heliponto e uma praça de alimentação. Há espaço reservado para quatro novos estúdios e promessas de construção de uma segunda cidade cenográfica. “Tudo acontecia muito rápido. Cada dia eles apareciam com uma novidade”, diz Márcio Garcia, que encabeçou a primeira leva de atores a migrar em busca de um salário estelar e voltou no ano passado para o Projac. “Com tanto dinheiro, até a Globo foi obrigada a se movimentar.”

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