Dois, de cada três empregos gerados no Brasil, vêm das pequenas empresas, diz Ipea

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Se ainda havia alguma dúvida para o governo sobre a importância das pequenas e médias empresas na economia, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) tratou de esclarecer esse quadro. De acordo com estudo divulgado hoje pela manhã, dois de cada três empregos gerados no Brasil nas duas últimas décadas vieram desse segmento, com uma média anual de 890 mil novos postos de trabalho.
Pela análise do instituto, desde 1989 o emprego nos pequenos empreendimentos cresceu 119%, saindo da casa dos 14,1 milhões para 31 milhões de vagas. Apenas o estado de São Paulo aumentou em 3,1 milhões a quantidade de postos de trabalho, o que equivaleu a mais de 19% do total de novas vagas abertas em todo o País.

Arte iG
  "Há uma política pública explícita de formar as empresas campeãs do Brasil, com grandes conglomerados empresariais", analisa Marcio Pochmann, presidente do Ipea. "A questão central, no entanto, é que são os pequenos negócios que mais geram emprego no Brasil e não há uma política especial voltada a eles".
Melhora de escolaridade
Outro dado interessante na pesquisa apresentada pelo Ipea é o crescimento do grau de escolaridade dos novos trabalhadores. Duas décadas atrás, o ensino fundamental respondia por mais de 77% da instrução dos trabalhadores; os que possuíam ensino médio, por sua vez, eram 15,6% e os com ensino superior eram apenas 7,1%.
Pelos dados mais recentes, a melhora educacional é visível. Hoje, o percentual dos que têm apenas o ensino fundamental caiu para 51%. Os trabalhadores com ensino médio já representam mais de 35% e o com algum curso superior saltaram para 13,2%.
"Tanto o cliente quanto os próprios empregadores estão ficando mais exigentes em relação ao grau de instrução dos empregados", afirma Pochmann. "Isso é ainda mais notável no setor de comércio, alimentação e outros serviços".
Queda na renda

Mas há outro lado da moeda. Apesar de o crescimento do emprego ter sido favorável à economia e da escolaridade ter aumentado substancialmente, o rendimento médio real do trabalhador não acompanhou essas melhorias.
Em 14 dos estados pesquisados pelo Ipea, houve queda brusca nessa área, principalmente em São Paulo, Rondônia, Amazonas e Goiás. Pelos dados do Ipea, o rendimento médio nacional caiu de R$ 1.153,34, em 1989, para R$ 951,74, em 2008 _ diferença de 17,5%.
Alívio na crise
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) concorda com a análise do Ipea. Com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério do Trabalho, o Sebrae verificou que os pequenos empreendimentos encerram o ano passado com 1,023 milhões de novas vagas, enquanto que as grandes empresas chegaram ao fim de 2009 com 28.279 postos a menos.
"Como a base das pequenas empresas é exatamente o mercado interno, elas são beneficiadas pelo aquecimento da economia e promovem um fenômeno consistente e sustentável de geração de emprego", afirma Raissa Rossiter, gerente de estudos e pesquisas do Sebrae. "Elas compensaram as perdas verificadas entre as grandes companhias, que por dependerem mais da demanda do mercado global foram diretamente afetadas pela crise."
Puxão de orelhas

O estudo do Ipea não termina sem antes criticar a falta de políticas de estímulo direcionadas às pequenas empresas. O documento cita avanços como a implementação, ainda que tardia, da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, além da revisão do crédito popular e de reorientações às compras governamentais, que agora dão mais abertura à participação dos pequenos empreendimentos.
Para o Ipea, mantido atual nível de expansão da economia brasileira, 19,3 milhões de empregos deverão ser criados até 2020. Desse número, os pequenos negócios deverão ser responsáveis por 10,7 milhões. Mas para que isso ocorra, na avaliação do Ipea, o governo terá de fazer muito mais do que tem feito.
"Caberia ao Brasil fazer uma ampla reavaliação do conjunto de políticas públicas para o setor", sugere o presidente do Ipea. "Por enquanto, elas tendem a responder às necessidades de competição dos mercados, mas não são necessariamente apropriadas aos interesses dos pequenos negócios".

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