Homem é resgatado com vida 11 dias após terremoto no Haiti

Um homem de 24 anos foi resgatado com vida neste sábado em Porto Príncipe, por equipes francesas de resgate. A vítima estava sob as ruínas do Hotel Napoli Inn e de um supermercado.

O irmão do rapaz disse à agência de notícia Reuters que voltava ao local todos os dias para tentar localizá-lo e chamou uma equipe internacional de resgate quando ouviu vozes.


Reuters

Homem resgatado após passar 11 dias sob escombros
Segundo a CNN equipes americanas e gregas também ajudaram no resgate. Os homens utilizaram as mãos para retirar os escombros e localizar a vítima. De acordo com a emissora norte-americana, diversas pessoas que acompanhavam os trabalhos de buscas aplaudiram o resgate.
A ONU informou neste sábado que o governo haitiano declarou encerrada a fase de busca e resgate de sobreviventes, mas algumas operações ainda continuam sendo realizadas. Os esforços internacionais se concentram agora na ajuda a centenas de milhares de vítimas que estão feridas, com fome e desabrigadas, acampadas nas ruas.
"A esperança está desaparecendo, embora ainda possa haver milagres", disse Elisabeth Byrs, porta-voz do órgão da ONU para a Coordenação dos Assuntos Humanitários, em Genebra.
Missa
O Haiti lembrou neste sábado os mortos no terremoto. Centenas de pessoas se aglomeraram nas ruínas da catedral católica para homenagear um arcebispo e outras vítimas mortas no sismo da semana passada.

Uma multidão de fiéis, padres e freiras se reuniu para o funeral do arcebispo Joseph Serge Miot e o vigário Charles Benoit, ambos mortos no trágico terremoto que destruiu partes da capital, situada na costa.


AP

Haitianos velam o corpo do arcebispo Joseph Serge Miot

As autoridades haitianas estimam que até 200 mil pessoas podem ter morrido no terremoto, que deixou cerca de 3 milhões feridos ou desabrigados, e clamando desesperadamente por assistência médica, comida e água. O balanço oficial das vótimas fatais de terremoto no Haiti está em 111.499 mortes confirmadas.

Quando indagado sobre as persistentes queixas de sobreviventes de que a ajuda alimentar ainda não chega até eles, o chefe da agência de ajuda norte-americana Usaid, Rajiv Shah, disse que sua organização está pronta para prover toda a assistência pedida.

"A escala da destruição, a consequência humana do que aconteceu simplesmente não tem paralelo... Nós nunca atenderemos às necessidades tão rapidamente como gostaríamos", declarou ele à Reuters.

Antes disso, Shah disse a administradores no Hospital Universitário, em Porto Príncipe: "Queremos estar tão prontos a auxiliar quanto possível, mas temos de fazer muito mais."

Dirigentes da Usaid enfrentam enormes desafios para distribuir a ajuda em uma cidade arrasada, tomada pelos escombros e transbordando de desabrigados e pessoas feridas.

"Ninguém pode entender isso enquanto não estiver aqui", disse Gina Jackson, da Usaid. Governo encerra as buscas:

Raiva contra o presidente
O presidente haitiano, René Préval, e seus ministros foram ao funeral do arcebispo. Quando deixava o local, pessoas furiosas com a demora na entrega da ajuda o empurraram e cercaram seu carro. Alguns jovens gritavam que ele tem de deixar o poder. Préval afirmou ter ido ao funeral em respeito ao arcebispo morto.

Apesar do esforço internacional -- os Estados Unidos mantêm 13 mil militares no Haiti e na costa do país -- a ajuda chega lentamente a todos os necessitados.

Nos jardins do gabinete do primeiro-ministro, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha distribuiu um tanque de água potável a vítimas do terremoto acampadas em tendas no gramado.

Sobreviventes dizem que ainda têm dificuldade em obter comida e que há pouca ou nenhuma distribuição de ajuda.
"Minha mulher saiu hoje em busca de comida", disse Dominique Tombeau, sentado sob uma lona. "As pessoas perguntam: 'quando os americanos virão para ajudar?'"

Frutas e legumes apareceram em abundância em barracas nas ruas, mas as pessoas dizem ter pouco dinheiro para comprá-las e os preços estão muito mais altos do que antes do terremoto.

Cerca de 1,5 milhão de haitianos perderam as casas no terremoto. Organizações de ajuda estimam que um terço dos 9 milhões de habitantes do Haiti vai precisar de comida, água e abrigos de emergência por um longo período.
Para auxiliar nesse esforço, dezenas de celebridades levantaram dinheiro com o show Hope for Haiti Now transmitido por grandes redes de TV aberta e a cabo dos EUA na sexta-feira à noite. O evento foi organizado pelo ator George Clooney e incluiu performances do cantor Wyclef Jean, nascido no Haiti, Bruce Springsteen, Bono, do U2, e Madonna.


AP

Presidente do Haiti, Renee Preval, e sua mulher, Elisabeth Debrosse Preval, acompanham a miss
Em meio ao luto, há sinais de que o país caribenho, o mais pobre das Américas, começa a voltar à vida. Os bancos iriam reabrir neste sábado e as agências de transferência de dinheiro voltaram a operar. Haitianos aguardavam em fila diante de bancos, ansiosos por obter dinheiro para comprar alimentos e suprimentos básicos.

O grande supermercado Big Star reabriu na sexta-feira, vendendo desde presunto até chocolates. Mas o gerente disse que há estoque somente para uma semana ou duas e ele não recebeu mercadorias.

Apesar da mobilização internacional, Henriette Chamouillet, representante da Organização Mundial de Saúde no Haiti, afirmou na sexta-feira que a coordenação da distribuição da ajuda continua sendo um problema.

Ela declarou que o primeiro-ministro haitiano se queixou em uma reunião com equipes de ajuda que somente 10 por cento da população acampada recebeu algum alimento, enquanto alguns acampamentos obtiveram três vezes a quantidade de comida necessária.

A ONU decidiu aumentar o contingente da sua missão no país, liderada pelo Brasil, em mais 2 mil soldados e 1.500 policiais. Atualmente a força é integrada por 9 mil pessoas.
(Matthew Bigg e Jackie Frank. Com reportagem adicional de Patricia Zengerle, Adam Entous, Catherine Bremer, Joseph Guyler Delva e Natuza Nery em Porto Príncipe)



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