Por Maria Carolina Maia
A canadense elogia os músicos brasileiros e revela planos de um disco em português (Foto: Divulgação)
A passagem da cantora canadense Nelly Furtado pelo país, nesta semana, vai incluir uma apresentação na décima edição do
Big Brother Brasil, na noite desta quarta-feira - a casa já recebeu o rapper Akon, o sueco Eagle Eye Cherry e as bandas Detonautas e Raimundos. Nem só de cultura de massa, no entanto, é feito o repertório brasileiro da estrela pop. "Caetano Veloso é o meu herói", diz a canadense, que é filha de açorianos, fala português com sotaque lusitano e tem planos de gravar um disco nesta língua.
Além de Caetano Veloso, com quem ela gravou
Island of Wonder (
Ilha da Maravilha, numa tradução livre) no disco
Folklore, Nelly tem uma extensa CDteca de MPB. Em conversa com VEJA.com, a cantora fala de seus gostos musicais e dos shows que fará no Brasil. Nelly se apresenta em Porto Alegre nesta quinta, em São Paulo no sábado e no Rio de Janeiro, no domingo.
Faz oito anos que você não vem ao Brasil. O público pode esperar um show de antigos sucessos ou focado no seu último disco, Mi Plan?
O show vai ser uma mistura dos meus quatro álbuns, incluindo o último,
Mi Plan, que é em espanhol. Serão os últimos dez anos, vai ser muito divertido. Estive no Brasil há oito anos. Passei por São Paulo e pelo Rio, foi incrível. Os fãs são muito vivos. É um público inesquecível. Estou empolgada para voltar.
Que artistas brasileiros você ouve em casa?
Caetano Veloso é o meu herói. Admiro a sua carreira toda, a sua voz, a sua postura. Também adoro o Tropicalismo e artistas como Tom Zé. Gosto de Milton Nascimento, Maria Bethania, Beth Carvalho, Marisa Monte e Daniela Mercury. E alguns mais novos como Lenine e Gabriel, o Pensador. E por aí vai. Tenho um monte de artistas brasileiros na minha coleção de CDs.
Seus pais são açorianos. Você também ouve muita música portuguesa?
Sim, meus pais são de Açores, e essa origem me influenciou muito. Minha mãe, por exemplo, cantava no coro da igreja e os ensaios aconteciam na minha casa. Então eu ouvia muitas músicas religiosas portuguesas. Vou para São Miguel
(ilha do arquipélago dos Açores) todos os anos, desde pequena. Por isso, a música folclórica, o fado e mesmo o fado contemporâneo fazem parte da minha história. Eu não seria a pessoa que sou sem as influências que tive.
Mi Plan é todo em espanhol. Você pensa em gravar um disco em português?
Adoraria. Há uma série de pessoas com quem eu gostaria de trabalhar, como o músico brasileiro Jacques Morelenbaum. Mas não seria um álbum de música pop, seria world music
(classificação dada pelo Grammy para formas de música “exóticas”), algo mais alternativo. Para isso, eu preciso amadurecer um pouco mais. Então, o disco só deve sair dentro de alguns anos.
Seus discos são bastante diferentes uns dos outros. Por que tantas mudanças de estilo?
Para mim, música é uma linguagem. É uma maneira de me ligar ao mundo e me entender melhor. Muitas vezes, eu não entendo algo que sinto e, quando canto uma música, compreendo completamente. É muito pessoal. Um álbum representa uma fase da minha vida. Vejo música como energia, um dom, uma expressão, uma língua, uma vibração. É difícil explicar. E eu gosto de mudar, de experimentar.
Essas mudanças são também uma maneira de ampliar o seu público?
Sim. E também porque acho importante expor as pessoas a diferentes tipos de música. Gosto de tentar coisas novas e de expor as pessoas a elas. É difícil de explicar. Eu faço música para mim, em casa, no meu coração, e ela encontra outros lares pelo mundo.
Depois da turnê, você já prepara o lançamento do álbum LifeStyle, previsto para junho nos Estados Unidos. Ele vai seguir a linha de algum dos anteriores?
LifeStyle tem canções em inglês, que misturam as influências dos meus quatro primeiros álbuns: hip-hop, eletrônico, rock, reggae, folk. É um disco bem pouco usual, em que experimento sonoridades. Acho que vou virar a esquina de novo. Mas aprendi muito com as minhas experiências anteriores. Em especial com
Mi Plan, vou poder aproveitar o que absorvi. Minha voz em
LifeStyle está mais madura e as minhas performances, mais dinâmicas.
Você também é atriz. Há projetos de cinema em 2010?
Atuar é um passatempo meu. É uma atividade difícil, requer muita concentração e energia. É um bom exercício mental. No segundo semestre, deve sair um filme que eu fiz no Canadá, uma comédia musical,
Score: A Hockey Musical, em que faço uma participação pequena.