"Nós cristãos nos últimos tempos temos evitado a palavra penitência, que parecia dura, mas agora, sob os ataques do mundo, que nos falam dos nossos pecados, vemos que poder fazer penitência é uma graça, vemos como é necessário fazer penitência", afirmou o papa durante uma cerimônia na Capela Paulina, no Vaticano.
"Abrir-se ao perdão, preparar-se ao perdão, e se deixar transformar. A dor da penitência, isto é, da purificação e da transformação, essa dor é graça, porque é renovação, obra da Misericórdia divina."
AFP |
Papa Bento 16 |
O pronunciamento foi interpretado como uma espécie de mea culpa do papa, explicou à AFP o vaticanista Bruno Bartoloni. "Não é uma declaração solene, mas uma espécie de mea culpa. O papa disse que sente profundamente toda essa tormenta, no coração", acrescentou.
Ditaduras
O papa falou sobre penitência ao refletir sobre a primazia da obediência a Deus, que concedeu a Pedro a liberdade de se opor ao Sinédrio, a corte suprema judia, que tinha a missão de administrar a justiça aplicando a Torá, a Lei de Moisés.
"É preciso obedecer a Deus e não aos homens. A obediência a Deus dá a Pedro a liberdade de se opor à suprema instituição religiosa. Nos tempos modernos, teorizou-se a liberação do homem, inclusive da obediência a Deus, o homem seria livre, autônomo e nada mais. Mas isso é uma mentira, que a chamada autonomia não libera o homem", disse Bento 16.
Na homilia o papa disse que, as "ditaduras nazista e marxista", que não podiam aceitar um Deus sobre o poder ideológico, não existem mais, mas há outras formas de ditaduras.
"Hoje, graças a Deus, não vivemos em ditaduras, mas existem formas mais sutis de ditaduras, um conformismo que leva a agir como agem todos e pode ser uma verdadeira ditadura", afirmou.
Sob pressão
Bento 16 chegou a ser acuado pela imprensa alemã de ter acobertado um padre pedófilo quando era arcebispo de Munique. Também sofreu denúncias da imprensa americana de que teria se recusado a punir um padre acusado de abusos quando era prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, antes de ser eleito pontífice, em 2005.
As declarações do papa ocorrem três dias depois de o Vaticano ter publicado em seu site um guia de normas a serem seguidas em casos de acusações de abuso sexual contra sacerdotes.
Embora as regras não sejam novas, a divulgação do texto reflete a determinação da Igreja Católica Romana de rebater as críticas de que sua reação aos escândalos de abusos sexuais vem sendo burocrática, sigilosa e defensiva.
*Com informações da BBC, AFP e Reuters
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